O Rio Grande é um município brasileiro localizado no litoral sul do estado do Rio Grande do Sul.
Possui, em 2021, uma população estimada em 212.881 habitantes, de acordo com o IBGE e, em 2019, registrou o 5º maior PIB total dentre os municípios gaúchos. Situada no bioma pampa, fica no extremo sul do estado do Rio Grande do Sul, entre a Lagoa Mirim, a Lagoa dos Patos (a maior laguna do Brasil) e o Oceano Atlântico.
A cidade construiu a sua riqueza ao longo de sua história devido à forte movimentação industrial. O Porto de Rio Grande é o quarto em movimentação de cargas no Brasil e o município é sede da Refinaria de Petróleo Riograndense, inaugurada em 1937 como Refinaria Ipiranga, a primeira construída no Brasil, e que hoje é capaz de processar 17 mil barris de petróleo por dia. Quanto ao IDH, em 2010, Rio Grande era o 131º dentre os municípios gaúchos e o 667º do Brasil.
A cidade de Rio Grande foi fundada pelo brigadeiro José da Silva Pais, em 1737, como forte Jesus-Maria-José, tornando-se a vila de Rio Grande de São Pedro em 1751 e a cidade de Rio Grande, em 27 de junho de 1835, servindo então como capital imperial da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul em meio à recém iniciada Revolução Farroupilha.
O município, juntamente com Arroio do Padre, Capão do Leão, Pelotas e São José do Norte, constitui uma das três aglomerações urbanas do Rio Grande do Sul, sendo classificada como centro sub-regional 1.
História
Quando até a chegada dos primeiros europeus à região, ela se situava no limite entre o território dos índios minuanos, ao sul, e o dos índios carijós, ao norte. A área de Rio Grande já era mostrada em mapas holandeses décadas antes do início da colonização portuguesa na região. Por volta de 1720, bandeirantes vicentistas vindos de Laguna chegaram à região de São José do Norte para buscar o gado cimarrón (selvagem) vindo das missões, possibilitando a posterior fundação do Forte Jesus, Maria, José e de Rio Grande, em 1737.
Nesse ano, uma expedição militar portuguesa a mando de José da Silva Paes foi enviada com o propósito de garantir a possessão das terras situadas ao sul do atual Brasil. Em 19 de fevereiro, Silva Paes fundou o presídio de Rio Grande, uma colônia militar na desembocadura do Rio São Pedro, que liga a Lagoa dos Patos ao Oceano Atlântico. Este presídio é o Forte Jesus, Maria, José, que constituiu o núcleo da colônia de "Rio Grande de São Pedro", fundada oficialmente em maio do mesmo ano. O termo "Rio Grande" é uma alusão à desembocadura da Lagoa dos Patos no Oceano Atlântico, e a origem do nome do próprio estado.
A escolha do lugar, com o estabelecimento de estâncias de gado, permitiu apoiar as comunicações por terra entre Laguna e Colônia do Sacramento. Assim, foi fundada a cidade mais antiga do estado do Rio Grande do Sul. Mesmo que já existissem os Sete Povos das Missões, de domínio espanhol, com povoados de formação jesuíta e que posteriormente ganharam o status de cidade, oficialmente o estado foi colonizado pelos portugueses onde Rio Grande é a cidade mais antiga que também deu nome ao Rio Grande do Sul.
Em 1760, Rio Grande, que até então estava sujeita à Capitania de Santa Catarina, passou a ser a capital da nova Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, dependente do Rio de Janeiro.
Praça Xavier Ferreira, em 1937. Arquivo Nacional.
Em 12 de maio de 1763, o espanhol Pedro de Ceballos, governador de Buenos Aires, invadiu a então vila de Rio Grande, cuja fundação e militarização eram contestadas pela Espanha. Conquistou, então, o forte e removeu os portugueses até São José do Norte, na margem oposta a Rio Grande — a qual também seria ocupada por Ceballos, passando a capital da capitania à população de Viamão em 1766[23]. Os povoadores portugueses que não fugiram até Porto dos Casais foram transladados por Ceballos a Maldonado, dando origem ao povoado de São Carlos. Na noite de 6 de julho de 1767, as tropas portuguesas, por ordem do governador da Capitania do Rio Grande do Sul, coronel José Custódio de Sá e Faria, depois de violentos combates, expulsaram os espanhóis de São José do Norte.
No início de 1774, o Marquês de Pombal determinou uma concentração militar expressiva no sul do Brasil, entre outros objetivos, com o intuito de retomar o vila do Rio Grande. De acordo com Luiz Henrique Torres, mais de 4 mil homens foram distribuídos entre São José do Norte, Rio Pardo e Porto Alegre. Contudo, foi já no contexto da Guerra hispano-portuguesa (1776-1777) que cessou a permanência espanhola na vila, pois, em 1º de abril de 1776, o Tenente-General Johann Heinrich Bohm, com o apoio de Rafael Pinto Bandeira, atacou os fortes de "Santa Bárbara" e "Trindade" e dispersou os espanhóis em uma ação conjunta de forças do Exército do Sul e da Esquadra Naval.
Pedro de Ceballos foi o primeiro vice-rei do Vice-reino do Rio da Prata e, ao ser nomeado, recebeu a ordem de deter a expansão portuguesa. Em princípios de 1777, Ceballos e seus homens recuperaram a Ilha de Santa Catarina, sem disparar um só tiro, já que a esquadra portuguesa abandonou a ilha. Em 21 de abril chegou a Montevidéu, onde atacou o Forte de Santa Teresa, no atual departamento uruguaio de Rocha, e dirigia-se mais uma vez contra a cidade de Rio Grande quando recebeu notícias de um tratado de paz assinado entre Espanha e Portugal, que o obrigava a retirar-se da cidade.
Já entre o final do século XIX e o início do XX, a cidade de Rio Grande participou da primeira fase da industrialização brasileira, considerada uma industrialização dispersa, produzindo mercadorias para o mercado nacional, sobretudo Rio de Janeiro e São Paulo, e para o mercado estrangeiro, o que fora impulsionado pela posição privilegiada do seu porto. O capital associado estava ligado ao comércio e a cidade atraiu investimentos fabris, compreendendo indústrias têxteis, de alimentos, de charutos, dentre outros bens de consumo não duráveis, sendo que as instalações, normalmente, contavam com centenas de operários, embora a Companhia União Fabril Rheingantz, cujo complexo foi inaugurado em 1873, possuísse mais de 1.200 funcionários durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). De acordo com Luiz Henrique Torres, em 1918, "cerca de 6 mil operários atuavam nas indústrias locais". A Rheingantz, dedicada à fabricação de tecidos de lã, foi ideia do comerciante Carlos Rheingantz, sendo considerada por Peter Singer como o verdadeiro marco inicial da indústria no Rio Grande do Sul. Outras fábricas rio-grandinas a destacar foram: a Leal, Santos & Companhia, filial de uma empresa portuguesa, produtora de alimentos em conserva e biscoitos; a Poock & Cia de Charutos, fundada pelo imigrante Gustavo Poock; a Companhia de Fiação e Tecelagem Rio Grande, fundada por Gustavo Hessemberger, logo adquirida por um grupo empresarial italiano e depois dirigida localmente; Liopart, Mata & Cia, fabricante de alpargatas. Aliás, a produção da citada Poock, fabricante de charutos, chegou a ultrapassar sete milhões de peças por ano.
Geografia
Localiza-se a uma latitude 32º02'06" Sul e a uma longitude 52º05'55" Oeste; possui uma área de 2 709,522 km². Rio Grande é uma cidade litorânea. Estando a uma altitude média de 5 metros, toda a sua área municipal se situa em baixa altitude, no máximo a 11 metros acima do nível do mar. Dunas de areia são encontradas em toda a costa litorânea.
Clima
O clima de Rio Grande é subtropical ou temperado, com forte influência oceânica e com invernos relativamente frios e verões tépidos, apresentando, portanto, grande amplitude térmica. A temperatura média compensada anual é de 18 °C e o índice pluviométrico em torno de 1 300 milímetros (mm) anuais, com precipitações bem distribuídas durante o ano, não havendo assim uma estação seca. Devido à intensa incidência de ventos na cidade, a sensação térmica no inverno em Rio Grande frequentemente chega abaixo de 0 °C.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), referentes ao período de 1931 a 1986 e a partir de 1988, a menor temperatura registrada em Rio Grande foi de −0,6 °C em 10 de julho de 1945 e a maior atingiu 41,2 °C em 1° de janeiro de 1943. O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 194 mm em 15 de fevereiro de 1983, seguido por 179 mm em 11 de março de 1966 e 156,9 mm em 7 de setembro de 1977. A partir de 1961 o maior recorde mensal de precipitação ocorreu em julho de 1995, com 485,4 mm, e o menor índice de umidade relativa do ar na tarde de 3 de outubro de 2010, de 15%.[36] Desde 2001 a maior rajada de vento alcançou 30,6 m/s (110,2 km/h) em 27 de outubro de 2016.
Site Oficial: www.riogrande.rs.gov.br